"100 dias sem picanha. Faz o L". Um outdoor em branco, da empresa Toro Mídia, recebeu esse conteúdo em pichação registrada pela proprietária do espaço em postagem nas redes sociais. "Pqp, picharam nosso outdoor no Rincão", assinalou a empresa neste domingo, em sua conta no Instagram.
Entre os comentários, um disse que ajuda "com 50 reais todo mês para não tirar". Outro cita que esse é o "melhor outdoor que vocês 'criaram'". Um terceiro respondeu que se trata da "maior verdade que já li em um outdoor". E até o início da noite deste domingo, os demais comentários na postagem aprovavam o "conteúdo".
O tom de brincadeira não é, na verdade, de brincadeira. A empresa, dentro do seu direito, posicionou-se. Colocou uma postura que é bem aceita aos olhos de boa parte do público da região, um eleitorado que, em peso, disse não ao lulopetismo e sim ao bolsonarismo. Logo, como não houve qualquer empenho da empresa em remover a pichação, trata-se de uma busca de notoriedade da marca a partir de um suposto vandalismo, que nem está sendo tratado como vandalismo.
Dos memes proporcionados pelos discursos e promessas de Lula da Silva (PT) em sua campanha contra Jair Bolsonaro (PL), esse tornou-se infatigavelmente repetido. A promessa da picanha na mesa veio, obviamente, carregada de um enorme risco, o de não dar certo. E parece claro que o conteúdo que a picanha carregava ia além de um pedaço de carne. Mas isso é reflexão para mais adiante, conforme o governo andar.
O certo é que o Brasil segue tão dividido como antes. Só mudou o lado da patrulha. Antes, quem absorvia tais gracejos com ar de oposição, agora os projeta com ar de governo. E vice-versa. Cabe refletir sobre o quão é positivo (ou não) essa fratura que se estabeleceu no Brasil. Essa divisão traz empregos? Faz crescer a economia? Coloca de fato carne na mesa do povo? Paga as contas da gente? Mantém as empresas saudáveis? Melhora as escolas, a saúde e a infraestrutura? Temos até 2026 para alcançar a resposta.
Denis Luciano
Denis Luciano é jornalista e radialista com 28 anos de experiência em rádio, TV, jornal e web em Santa Catarina e Rio Grande do Sul, além de professor universitário. Apresentador e coordenador da Rádio Cidade em Dia.
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