Foi enorme a repercussão da entrevista exclusiva do prefeito Gustavo Cancellier (PP) ao Em Dia com a Cidade da última sexta-feira (11), na Festa do Vinho em Urussanga. Ele fez seu mais contundente desabafo desde o afastamento do cargo em maio de 2021, na Operação Benedetta. Atirou em várias direções, reforçou sua convicção quanto à existência de uma "organização criminosa" contra si e bateu muito no vice-prefeito Jair Nandi (PSD) sem citar seu nome uma vez sequer.
"A Justiça vai desmontar essa organização criminosa que se instalou na Câmara de Vereadores. Cargos comissionados do vice-prefeito, da época em que ele foi prefeito, estão na Câmara como assessores", denunciou. Ele mencionou a existência de documentos que comprovam que havia ações orquestradas para cassar seu mandato, e que tais conteúdos já estão de posse da Justiça. "Levaram um computador da prefeitura onde tem tudo isso", acrescentou.
Cancellier disparou também contra parte da imprensa. Disse que "esse grupo criminoso comprou órgãos de imprensa para dominar a opinião pública" e afirmou que, ao longo dos processos de cassação que enfrentou, jamais foi ouvido pelos tais veículos, que não mencionou quais são mas, obviamente, essa fala também gerou muito barulho.
Quando questionado sobre o conteúdo investigado pela Operação Benedetta, o prefeito afirmou que induziram a Polícia Federal a erro. "Disseram que era só colocar asfalto numa estrada, omitiram que tratava-se de uma obra parada, que precisava de várias intervenções. Induziram a polícia a erro", afirmou. E mencionou uma perícia posterior que, segundo ele, apontou que "não houve nada anormal, foi uma denúncia deturpada que levou a Polícia Federal a erro".
E voltou a disparar contra a Câmara, chamando vereadores de "caras de pau" ao criar três comissões processantes com o mesmo foco. "Essa organização criminosa fez algo tão absurdo, quando não tinham votos para me cassar, arquivavam para abrir outro processo depois", comentou. Cancellier lembrou o episódio do afastamento do vereador Rozemar Taliano (PDT), que era seu aliado no Legislativo. "Compraram vereadores, vão oferecer dinheiro para o Rozemar, acusaram ele de um extravio de documentos que não ocorreu, a Justiça já o inocentou", observou, confiante no retorno do aliado ao Legislativo. O voto de Taliano era um dos fiéis da balança para o prefeito não ser cassado. O suplente, Erotides Borges, o Tidinho (PDT), é ferrenho opositor.
Ainda sobre a Câmara, Cancellier comentou que ela "custa R$ 310 mil por mês para a prefeitura, esse dinheiro tem que ser valorizado, não pode ter um poder com o simples objetivo de cassar o prefeito". E analisou que todos esses episódios vão repercutir na eleição do ano que vem, quando Cancellier não concorrerá, pois já é reeleito. "Foi tão absurdo o que fizeram, foram tão gulosos, a população viu claramente que se tratava de perseguição. Isso vai reverter contra esse grupo e o nosso grupo vai vencer as eleições", projetou.
A íntegra da entrevista está disponível no link abaixo. Nesta segunda, trataremos do tema na Cidade em Dia, em busca também dos contrapontos.
Denis Luciano
Denis Luciano é jornalista e radialista com 28 anos de experiência em rádio, TV, jornal e web em Santa Catarina e Rio Grande do Sul, além de professor universitário. Apresentador e coordenador da Rádio Cidade em Dia.
Opiniões do colunista não representam necessariamente o portal SCTODODIA.com.br