Quem é celíaco sabe muito bem a dificuldade que encontra para se alimentar. Seguir uma dieta alimentar sem glúten por conta dessa doença transcende muito mais do que uma simples restrição individual, por que acaba envolvendo diretamente todos os familiares.
Fora do ambiente familiar, essa restrição se torna pior porque bate de frente muitas das vezes com o preconceito gerado devido ao desconhecimento da maioria das pessoas, ocasionando, muitas vezes, desconforto, exclusão e inibição social.
Com poucas opções no mercado, alimentos sem glúten, além de mais caros, esbarram em outra barreira: não podem ser preparados no mesmo ambiente de alimentos com glúten, devido à chamada “contaminação cruzada”.
Na prática, toda comida sem glúten deve ser manipulada em ambiente exclusivo (“cozinha branca”). Isso se faz necessário porque as partículas de glúten permanecem suspensas no ar e acabam contaminando esses tipos de alimentos. Isso requer ainda que todos utensílios utilizados sejam próprios para este ambiente. Exemplo: panelas, fornos, talheres, micro-ondas, etc..
Em Tubarão e região, ainda existem pouquíssimos estabelecimentos preparados para receber esse tipo de público consumidor. Sendo assim, ingerir mantimentos em lugares onde não são seguidas essas orientações geram grandes riscos à saúde dos celíacos e um verdadeiro desafio e malabarismo gastronômico, deixando-o em constante vigilância e questionamentos como: Isso tem trigo? Tem glúten? Foi fritado no mesmo óleo? E por aí vai...
Mas o que é de fato a doença celíaca?
É reação imunológica à ingestão de glúten, uma proteína encontrada no trigo, na cevada, centeio e seus derivados. Ao longo do tempo, a reação imunológica à ingestão de glúten cria uma inflamação que danifica o revestimento do intestino delgado, causando complicações médicas. Isso também impede a absorção de alguns nutrientes (má absorção).
O sintoma clássico é a diarreia. Outros problemas são o inchaço, gases, fadiga, baixa contagem de glóbulos vermelhos (anemia) e osteoporose. Também podem aparecer outros sintomas, como anemia, enxaqueca, dermatite e lesões bolhosas na pele. No entanto, há casos de pessoas que não apresentam sintomas iniciais aparentes.
O único tratamento é uma dieta rigorosa, sem glúten, que pode ajudar a controlar os sintomas e promover a cicatrização intestinal. Com o tempo e sem os devidos cuidados, essas lesões nas paredes do trato digestivo podem se transformar em outras doenças, como úlceras e até mesmo câncer.
Diagnóstico:
É realizado, por meio de testes laboratoriais, exames que apontem condições clínicas e principalmente pela realização da endoscopia digestiva alta (EDA ) com biópsia. Uma boa notícia para Tubarão:
Recentemente foi apresentado, na Câmara de Vereadores de Tubarão, o projeto de lei (PL) ordinária N° 93/2023, de autoria do médico e vereador Jean Abreu Machado, que foi aprovado em primeira instância com unanimidade sobre a obrigatoriedade de a municipalidade elaborar cadastro único de portadores de doença celíaca ou demais desordens relacionadas ao glúten - DRGS, e outras providências.
Esse PL objetiva identificar as pessoas que possuem tais diagnósticos para fins de fruição de benefícios que, por ventura, são concedidos a essa categoria de pacientes por serviços de alimentação. Entre as vantagens mais imediatas, por exemplo, pode-se citar o direito de receber refeição especial em caso de internação hospitalar. Também poderá assegurar o direito desses portadores de doença celíaca ou demais desordens relacionadas ao glúten - DRG (devidamente identificados), de levar e consumir seus próprios alimentos em bares, restaurantes, hotéis ou similares, caso esses estabelecimentos não comercializem comidas sem glúten ou com manipulações seguras.
De fato, isso é uma grande conquista que vai ajudar os portadores dessa doença para uma melhor qualidade de vida na Cidade Azul.
Nota editorial:
A companheira de Eduardo Henrique descobriu, em 2021, que era portadora da doença celíaca. Por meio de um grupo de WhatsApp para celíacos do qual faz parte, tomou conhecimento de uma matéria que falava de uma Lei criada no Estado do Mato Grosso, beneficiando os portadores dessa doença. Posteriormente, compartilhou esse conteúdo e a ideia com Jean, para que fizesse algo similar em Tubarão.
Cidadão Tubá-Nharô
Eduardo Henrique é formado em Comunicação Social/Jornalismo pela Unisul. Foi no setor têxtil que desenvolveu suas maiores aptidões, a de instrutor de treinamentos. Tubaronense de coração é um grande entusiasta pelo futuro promissor da cidade e região.
Opiniões do colunista não representam necessariamente o portal SCTODODIA.com.br