Já estamos no mês de dezembro de 2021 e em menos de um ano, teremos eleições no Brasil. O pleito, marcado para 2 de outubro de 2022, já está suscitando diversos debates e discussões na sociedade brasileira sobre quem deve ser o próximo presidente. Nesse contexto, temos uma aparente polarização entre um pré-candidato candidato considerado de esquerda (Lula) e outro pré-candidato considerado de direita (Jair Bolsonaro).
Mas afinal, o que são esses termos? Como e em que sentido Lula e Bolsonaro representam “esquerda” e “direita” respectivamente? Antes de avançarmos, vamos buscar a origem destas expressões.
Durante a Revolução Francesa, houve uma divisão no parlamento francês entre girondinos, que eram mais moderados e sentavam à direita nos espaços da Assembleia Nacional Constituinte e os jacobinos, que eram revolucionários radicais e ocupavam o espaço à esquerda. Devido a esse contexto, “direita” passou a ser associado com conservadorismo, ceticismo e cautela enquanto “esquerda” ficou associada com revolução, mudanças e inquietação.
Após o período da revolução, muitas outras associações foram aplicadas aos termos “direita” e “esquerda”, de acordo com o contexto histórico e político, mas sempre mantendo a ideia original de “conservação” e “mudança”. Hoje, no Brasil, esquerda geralmente é associada a partidos como PT e PSOL, que possuem uma visão de mundo mais próxima do socialismo em suas vertentes mais radicais, mas, em geral, defendem um estado intervencionista do ponto de vista econômico e social, e apresentam uma visão favorável à chamada “agenda de costumes”, que engloba as pautas dos movimentos feminista, LGBT e do movimento negro.
Já a direita, é conservadora em relação às pautas da agenda de costumes e geralmente defende um estado pouco intervencionista no campo econômico. Essas são, grosso modo, as definições mais gerais do que é direita e esquerda no Brasil. Mas por que essa divisão é problemática?
Essa definição política no Brasil nada mais é do que uma “cópia” do contexto estadunidense. Lá, assim como aqui, a direita em geral é conservadora e defende menos estado na economia e a esquerda é progressista e defende mais estado na economia. Porém, há fatores históricos que explicam essa divisão na terra do Tio Sam: nos Estados Unidos, a direita pretende conservar princípios básicos de sua constituição, que garantem um estado pouco intervencionista e uma economia livre, além de garantir o direito a certas liberdades individuais, como o do cidadão poder portar uma arma, por exemplo. Enquanto isso, a esquerda representaria aquilo que é contrário a alguns princípios da constituição ou que pretenda alterar certos artigos. Ou seja, a direita defende a conservação e a esquerda a mudança (da constituição, no caso), assim como é definido o conceito clássico dos termos na política.
Rádio Cidade Tubarão
Estudante de jornalismo aficionado em história e filosofia, temas que serão abordados nessa coluna.
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