Estou esperando a colheita. Do quê? Não sei. É muita preguiça minha não planejar cada mínimo detalhe da vida até os próximos 10, 20, 40 anos?
Eu sei que as coisas vão mudar por si mesma. Isso faz parte da vida, na verdade, a mudança em si é vida, então por que tentar calcular tudo nos mínimos detalhes se, de uma forma ou de outra, as mudanças vão “estragar” ou “atrasar” os planos?
Não me entenda mal, um pouco de organização é sempre bom; ajuda a ganhar tempo. Mas tempo para quê? Por que você quer mais tempo? Por que contamos o tempo? Qual é o verdadeiro valor dele?
Os animais não parecem se importam com o tempo. As plantas, muito menos. Eles só existem e existir por si só é uma dádiva.
Não uma benção, no sentido de dívida eterna para com uma divindade/sistema, mas sim uma dádiva, uma presença que deve ser respeitada e celebrada na sua essência, independentemente da forma.
Então, eu pergunto: até que ponto coisas como cultura, leis, moral, ética, tempo, dinheiro e tantas outras invenções humanas valem? Qual é o verdadeiro preço que estamos pagando por elas? Está valendo a pena?
Entretanto, tenho plena consciência de que sumir com essas criações é impossível, porque criar faz parte da natureza humana. O ser humano em si faz parte da natureza. Ele é a natureza. Logo, qual seria o melhor caminho? Existe um melhor caminho ou bem e mal só seriam valores de juízo que utilizamos para medir as situações com suas probabilidades e compararmos com referências anteriores?
Trabalhar em conjunto com o fluxo (O que alguns chamam de Deus, de Universo, de divindade, de natureza, de Tao, eu carinhosamente costumo chamar de fluxo) não é uma opção, nem uma imposição, muito menos um caminho de mão única. Está mais para um guia, um sentimento, um preenchimento no peito que só pode ser compreendido por aqueles que se põem a árdua tarefa de sentir a si próprios.
Plantei algumas dúvidas. Colhi nenhuma resposta. Mas, preciso sempre colher algo?
(E pensar que tudo isso começou porque eu colhi algumas frutinhas piquituchas, roxas e doces enquanto caminhava na beira-rio).
Jornada pela Expressão Humana
Érica Favarin Dandolini cursa Cinema e Audiovisual na Universidade do Sul de Santa Catarina. Estagiária do Portal SCTodoDia desde 2022, já produziu podcasts e pequenos noticiários para o site. Atualmente, cuida das redes sociais, além de ser escritora de crônicas, contos e poemas.
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