Existem situações muito marcantes na minha vida, e essa é uma delas! Há muitos anos, trabalhei em uma loja de roupas de um shopping na Grande SP. Esta loja, à época, era a queridinha dos olhos dos proprietários, a 01 de uma rede com oito filiais e que hoje tem quase 20. vendia roupas e acessórios para um público praticante ou entusiasta de surf e skate. A empresa tinha um modus operandi jamais visto por mim até então. Dentro dessa rede, qualquer adolescente, mesmo imaturo e inexperiente, tornava-se um exímio vendedor se quisesse, porque o processo te levava a uma forja extrema! Lá, era proibido falar no diminutivo, a média de itens por ticket de compra não poderia ser menor que dois, nunca se
poderia dizer que não tínhamos um produto, entre outras coisas que faziam parte de um manual.
Todo vendedor ao entrar, passava quase dois dias só decorando as páginas desse manual e só poderia começar a vender após decorar pelo menos 80% dos nomes, marcas e preços de um paredão de modelos de tênis que não deveria ter menos que 70 unidades. Era um mundo desconhecido para mim, e marcas, as quais eu sequer conhecia começaram a fazer parte do meu cotidiano.
Todo negócio têm seus ônus e seus bônus e lá não era diferente. O gerente e o subgerente da loja faziam questão de não serem amados pela equipe, mas isso acabava sendo suplantado por nós, porque o clima entre os vendedores era muito bom!
Eu ganhava um bom salário, se somadas as comissões, tínhamos premiações semanais, desafios, treinamentos bacanas, mas em época de fim de ano, o desgaste era altíssimo . Em contrapartida, a jornada de trabalho era muito intensa e desgastante, principalmente no período que antecedia o Natal (aquele normal do comércio). Este lugar também reserva uma história peculiar, onde eu fui demitido no dia do meu aniversário, recontratado no mesmo dia e voltei a trabalhar no dia seguinte.
Mas uma coisa é inegável:
Eu aprendi demais nesse período ! Foi lá que conheci que um cliente geralmente fala não por proteção, que tirar o olho do cliente da porta de saída te faz vender mais, que um par de
meias, uma cueca ou um chaveiro adicionad o às tuas vendas pode resultar em x mil a mais no fim do mês.
Lá, entendi que as coisas que fazemos em vendas têm um porquê, aprendi que os treinamentos e o feedback constantes nos lapidavam muito rápido e que toda aquela demora
em poder atender era para me preparar (e deu certo). Acima de tudo, aprendi a enxergar que todo mundo tem um excelente vendedor dentro de si, e que a qualidade dele vai depender do tamanho e da intensidade da forja.
Vamos alegrar a tarde?
Com experiência de uma década na área comercial, compartilho conhecimento por intermédio das mídias sociais, podcast e YouTube. Para cursos e palestras, contato: 48 99687-2339
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