Estou de volta a esta coluna após quase dois anos. E quem me conhece sabe que isso me fez falta. O projeto de escrever sempre esteve no radar das coisas que gostaria de fazer na minha vida, e talvez fosse uma forma de colocar para fora em pílulas o aprendizado que eu tinha condensado até então em anos de prática e pesquisa. Nesta ordem, pois na minha vida a prática veio primeiro, e a teoria aprimorou este processo.
Resolvi dar uma pausa para focar em uma outra coisa que cada vez mais tem ganho espaço para mim: Empreender. Eu já conversava com empreendedores, falei anos sobre empreender, mas ainda não tinha mergulhado nesse universo de cabeça, e no final de 2021, quando parei de escrever, o momento estava conturbado, pois eu havia acabado de perder meu emprego e precisava, meio que a jato me recolocar no mercado, contudo, a única ideia que eu tinha claro na minha cabeça era vender doces.
Pode parecer loucura para vocês, mas para mim fazia todo sentido e com o passar do tempo cada vez mais tem feito. Em outubro de 2021, entrei de vez na Grife do açúcar, empresa que minha esposa havia criado em 2016, e que até então era o hobbie de luxo (aquele que ainda remunera) dela, com uma proposta inicial: trazer a confeitaria que nem todos têm acesso, para algo mais acessível, vendendo na rua mesmo, de porta em porta nos comércios locais com três premissas que mantemos até hoje...
A primeira é entregar um produto pela sua qualidade e não pelo seu preço, isso faz com que a gente se destaque pela entrega e não entre em embate com outras empresas. A segunda é inovar sempre, pois negócios que se provam autênticos não competem por preço, eles despertam desejo. A terceira era não vender a prazo, pois tínhamos capital limitado e se não tivéssemos o faturamento esperado diariamente, demoraríamos demais para retomar o valor investido e ainda correríamos o risco de perder, caso acontecesse um calote, por exemplo.
Então, naquele momento a máquina de cartão foi nosso diferencial de vendas. Quando o cliente me falava que estava sem dinheiro em mãos eu falava que aceitava cartão e isso me ajudou a converter bastante. No começo, carregamos os doces em uma caixa de papelão que ficou cheia de marcas de mão e não resistiu à primeira chuva, após isso, em caixas organizadoras, grandes e pouco práticas e, então, chegou aquela que é nossa amiga até hoje. Uma maleta dessas que parece de maquiagem, com rodinhas, bem robusta e que nem de longe entrega o que estamos vendendo.
Numa próxima coluna eu falo mais sobre ela. Mas, para chegar nos lugares, eu precisava de algo que vamos denominar aqui como “frase de segurança”, chegar e não entregar de cara o que estava fazendo, pois na minha cabeça, a pergunta fechada bloqueia. O ser humano é programado para dar as maiores desculpas do mundo, para dizer um não e, como vendedor, eu não posso dar esse gostinho. Foi aí que usei pela primeira vez uma frase que volta e meia martelava a minha cabeça: - Vamos alegrar a tarde?
Fazia sentido, pois, inicialmente só vendíamos à tarde, quando comecei a vender pela manhã eu me adaptei. Mas essa construção era perfeita. Não perguntava se o cliente queria algo, não estava escrito “quero te vender” na minha testa e, acima de tudo, ninguém em sã consciência quer ficar triste. Isso mudou a minha vida. Virei figurinha entre um grupo de clientes, as pessoas falam a frase antes de eu chegar, já abrem a porta com um sorriso e metade do meu trabalho está feito. Mas o melhor é quando alguém me para na rua. Sinceramente, eu sempre quis ser reconhecido.
Muito além da grana, o ego humano precisa de reconhecimento, e o meu sempre gostou de ser visto, mas eu nunca imaginei que seria assim, e quer saber, tá legal para caramba! O que no começo era motivo de vergonha, hoje é um dos meus maiores orgulhos, e ajudei a alavancar uma marca, algo que sempre sonhei e, ainda de quebra, conquistei reconhecimento profissional, a ponto de ser chamado pela frase que resolvi usar como “segurança” e, no fim, virou minha marca registrada. Vender na rua é uma experiência antropológica interessante, e se você que está lendo, pudesse experimentar, iria aprender um mundo de coisas que não se aprende em condições normais de temperatura e pressão.
Mas amigos, todo esse rodeio é para contar o quanto estou feliz em voltar a escrever e também justificar o nome da coluna, afinal, nem todos conhecem essa história. E também convidar vocês a embarcarem comigo nessa nova jornada de coisas e causos, de aprendizados e descobertas, de dores e delícias.
Todas as segundas, após o almoço! E aí? Vamos alegrar a tarde?
Vamos alegrar a tarde?
Com experiência de uma década na área comercial, compartilho conhecimento por intermédio das mídias sociais, podcast e YouTube. Para cursos e palestras, contato: 48 99687-2339
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