A Netflix vem investindo em minisséries para sua plataforma, que ainda podem ganhar uma nova temporada (e deixa de ser minissérie), mas não será o caso de ‘Respire!’. Com a estrela de Pânico 5 e 6, Melissa Barrera, o seriado com produção da Warner Bros. Television é um bom prato para os amantes de sobrevivência, mas não consegue explorar seu potencial e rebusca o passado para complementar sua história.
Não é de hoje que o streaming vem tentando acertar uma grande minissérie com uma estrela em ascensão. Barrera é a protagonista, apesar de não saber lidar com toda a carga emocional que lhe foi proposta, entrega algo sólido quanto ao desequilíbrio de sua personagem. No entanto, está claro que falta uma história que seja mais atraente ao espectador, não se mantendo apenas com flashbacks que não levam a lugar algum.
Liv (Barrera) é uma advogada bem sucedida, que resolveu encontrar alguém para fazer uma surpresa. Porém, bem no momento que iria viajar, seu voo foi cancelado. Por um acaso, dois homens que ela não conhecia iam passar próximo de seu destino, e ela conseguiu pegar um voo com estes dois em um avião casual. Mas, é claro, tudo dá errado, e um acidente acontece, fazendo com que Liv sobreviva sozinha na selva canadense. Ou seja, uma mulher sem experiência alguma, vai ser colocada à prova para tentar viver o máximo que puder, e conseguir algum resgate.
Tecnologias como celular, ou mesmo um notebook, não funcionam para que ela possa usar. Ela consegue pegar tudo o que tem ao seu redor, fazendo uma fogueira, encontrando alimentos, e abrigo para se proteger quando a noite cair. Do primeiro episódio para o segundo há uma brusca mudança, e do terceiro em diante, os flashbacks começam a incomodar. É um erro do diretor e da equipe criativa de mostrar tantos flashbacks, e aparições de pessoas importantes na vida de Liv como uma ilusão. Para o espectador que não está acostumado, torna a produção confusa e sem coerência.
E realmente, alguns momentos são confusos e sem sentido para a história. O passado da protagonista é explorado, e não necessariamente é um ponto que precisava, pois estende até demais a história background. A luta para sobreviver, contudo, é interessante, e os melhores momentos da série estão no tempo presente, e não o passado. As ilusões, além disso, não passam algum fundo bom para a trama. Há momentos que a personagem principal é insuportável, e não faz com que quem está vendo, consiga sentir alguma simpatia por ela. E a culpa não é de Barrera, e sim, do roteirista que tornou a protagonista em um poço sem fundo de tédio.
O CGI é pouco usado, e não há erros quanto a isso, nem sobre a paisagem que a personagem se encontra. O que realmente faltou para a série, além de uma história que fique no mesmo nível boa parte dos episódios, foi um elenco sólido. Barrera é a única estrela conhecida, que não consegue brilhar sozinha. Não consegue, pois a narrativa não ajuda.
Por fim, ‘Respire!’ é um projeto pequeno, que faltou um pouco mais de cuidado com seu texto. Como um drama de sobrevivência, o show sabe se comportar, mas usa e abusa de flashbacks e ilusões, que até mesmo Arrow conseguia usar com mais precisão e coerência.
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Sala Crítica
Gabriel Rodrigues Silveira, 21, é estudante de Jornalismo na Unisul (Tubarão) e apaixonado por filmes, quadrinhos, games e séries. Trabalhou em diversos portais de notícias e sites de cinema, como o Observatório do Cinema, parceiro da UOL. Também fundou e é editor-chefe do Critical Room, site especializado em críticas de filmes e séries, um dos maiores de Santa Catarina no âmbito geek e nerd. Atualmente atua em dois veículos de comunicação na cidade de Tubarão.
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