Muito se falou sobre a preferência de Vitor Pereira por pontas agudos e de velocidade, mas o comandante manteve Gabigol e Pedro na frente. A dupla entrega muito poder de fogo (evidente pelos três gols), mas pouca amplitude. Vitor compensou isso com a forte presença ofensiva dos laterais Varela e Ayrton Lucas, que subiam com velocidade e sempre forneciam uma opção nas beiradas do campo. A opção é ótima para partidas onde o Flamengo deve dominar a posse de bola e as ações do jogo, mas talvez não funcione em jogos onde os laterais sejam mais exigidos na marcação.

Na zaga, o bom passe e a capacidade de condução de Fabricio Bruno e a versatilidade de David Luiz para jogar com autoridade tanto na esquerda quanto na direita supriram a ausência de Leo Pereira na construção. Defensivamente, foram pouco exigidos.

No meio, os sempre geniais Arrascaeta e Everton Ribeiro (envelhece como vinho) fizeram um bom primeiro tempo, mas o lado físico de quem estava desde novembro sem atuar pesou na segunda etapa. Quem aparentemente não sentiu o hiato foi Thiago Maia, soberano fisicamente durante os 90 minutos. Gerson ainda deve encontrar seu encaixe ideal dentro do novo esquema tático, mas já mostra que volta melhor do que saiu, em meados de 2021. O Coringa deixou o campo ontem sem errar um passe dos 72 que tentou. O ataque, já citado anteriormente, ganha para mim o destaque do jogo: Gabigol, agora com a lendária 10 de Zico, e Pedro, novo 9 rubro-negro, foram os donos da tarde no Maracanã.

No gol da Portuguesa, fica evidente um problema deste elenco rubro-negro herdado de temporadas anteriores e que precisará ser trabalhado por VP: a displicência em jogos que parecem resolvidos. No geral, o quadro tático de uma equipe que já se conhece em campo parece desenhado, o desafio agora será ganhar intensidade e capacidade física a tempo das finais que aguardam a equipe carioca nas próximas semanas. De qualquer forma, considerada a inferioridade do adversário, os primeiros sinais da era Vitor Pereira são positivos.