Antes de um campeonato se iniciar, é comum que a comissão técnica e o departamento de futebol de um clube se reúnam para traçar as metas dentro da competição, avaliar cenários e analisar os adversários. Dessa reunião, sai uma planilha: quais jogos são para três pontos, quais são para um e, mesmo na mais otimista das previsões, de quais confrontos você leva apenas o cansaço dos 90 minutos e a bola na rede.
O Hercílio Luz é um clube de interior. Tradicional, mas sem as receitas de patrocínio e televisão que os grandes do Estado recebem por marcarem presença nas divisões de cima do futebol nacional. Ainda assim, o Aníbal Torres Costa se transforma em um ambiente inóspito para visitantes no Campeonato Catarinense. Desde novembro de 2021 o técnico Raul Cabral não vê sua equipe sucumbir diante de qualquer adversário em casa, consolidando a fortaleza colorada.
No jogo de ontem, o peso da camisa adversária não impediu o Hercílio Luz de trabalhar a bola desde os defensores quando a tinha e de subir sua pressão ao campo do adversário quando estava sem ela. A decisão por tentar roubar a posse do adversário ainda no campo de defesa explica a escolha por Giovani, mesmo que o camisa 9 não viva sua melhor fase tecnicamente: ontem, errou quase tudo que tentou com a bola, mas cumpriu sua função dentro da equipe e correu até onde o lado físico permitiu.
Outro que demonstrou sua importância com e sem a bola foi Raynan. Não é um craque e foi adaptado ao lado direito do ataque, deixando sua posição de origem no meio, mas entrega velocidade, bons cruzamentos e tem muito mais capacidade para recompor defensivamente do que os pontas de origem desse elenco hercilista. Na ausência de Carlos Renato, deve ganhar a posição momentaneamente.
Na construção das jogadas, William Rocha e Wallace tem qualidade no passe, mas acredito que deveriam acionar menos o goleiro Matheus, que não costuma calibrar o pé nos lançamentos que tenta.
O cansaço da segunda etapa fez o Avaí equilibrar as ações, mas sem realmente ameaçar a meta colorada. A expulsão do zagueiro Raphael voltou a dar o controle das ações ao Hercílio, que perdeu muitas chances por falta de qualidade na hora da conclusão. A vitória mesmo veio somente com o pênalti sofrido por Cleiton e (bem) batido por De Paula, que andava sumido desde a final da Copa SC e deve voltar a ganhar minutos no ataque não só pelo gol, mas porque Giovani e André precisam de concorrência e Thiago Pará não vem aproveitando seus minutos em campo.
A vitória de ontem não foi brilhante, mas há de se levar em conta o adversário, o mais difícil enfrentado pelo Leão do Sul até aqui, e o ritmo de dois jogos por semana característico dos estaduais. O que a tabela considera são os três pontos, e esses vêm se tornando rotineiros no Anibal Costa.
Chute cruzado
Coordenador de esportes da Rádio Cidade Tubarão, apresentador do programa diário Central do Esporte e dos semanais Grande Área Debate e Grande Área Entrevista, co-host e produtor do Cidade a Caminho da Copa, colunista do portal SC Todo Dia, apaixonado por futebol, política e maradoniano devoto.
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