Que a publicação deste texto após a derrota do Flamengo em mais um jogo decisivo não soe oportunista, mas a contratação de Vitor Pereira pelo rubro-negro foi um erro claro. Não por culpa do próprio, que é bom treinador, mas pelas características do trabalho que se apresentava diante do lusitano.
Desde o título da Libertadores, conquistado no fim de outubro, o Flamengo tinha conhecimento de que teria um Mundial de Clubes para disputar logo no começo da próxima temporada. O Vice-Presidente de futebol do clube, que até cantou que o Real Madrid ‘podia esperar’, parece ter se esquecido disso.
Ao não renovar com Dorival Júnior, decisão que considero errônea, mas dentro do direito do clube, o Flamengo decidiu por iniciar um novo trabalho tendo pleno conhecimento de que teria um início de ano com três competições de tiro curto virando a esquina. Pior: rompeu com um estilo de jogo de aproximações e ultrapassagens que buscava a associação entre suas melhores peças pelo meio para buscar um adepto do futebol mais posicional, de velocidade e com peças que dão amplitude ao time. A característica do time de 2022, inclusive, foi a primeira que conseguiu acomodar o quarteto ofensivo e manter a competitividade.
Vitor Pereira assumiu um elenco já consagrado, vindo de 50 dias de férias e que não esconde a saudade de um compatriota de cabelos grisalhos dele. Acima disso, dentro do campo, precisava implantar, em questão de semanas, seu estilo de jogo com um time sem ritmo e sem ter qualquer liberdade para mexer nas peças ofensivas do onze inicial, sob risco de linchamento virtual da torcida com conivência da diretoria. Incumbido com a incoerente missão de implantar sua visão de jogo sem mexer na anterior, o português leva a campo semanalmente um Frankenstein de conceitos táticos que aterroriza o torcedor.
Agora, com as derrotas consecutivas, os setoristas do clube nutridos de fontes diretas de um certo gabinete na Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro deram inicio ao processo de fritura do português, Modus Operandi repetido pelo comando de futebol sempre que quer demitir algum treinador, escapando do escrutínio da torcida e da imprensa sob o processo de decisão tomado antes das contratações.
A cama já veio pronta.
Chute cruzado
Coordenador de esportes da Rádio Cidade Tubarão, apresentador do programa diário Central do Esporte e dos semanais Grande Área Debate e Grande Área Entrevista, co-host e produtor do Cidade a Caminho da Copa, colunista do portal SC Todo Dia, apaixonado por futebol, política e maradoniano devoto.
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