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Terça, 28 de novembro de 2023

COLUNISTAS

Lucas Marques

O futebol tem dívidas?

21/12/2022 13h53 | Atualizada em 21/12/2022 16h51 | Por: Lucas Marques
Foto: Getty Images

Ao se deparar com o título dessa coluna, eu imagino que você, mesmo que não acompanhe futebol com tanto afinco, tenha se surpreendido com o teor do questionamento. “Mas é claro que há dividas no futebol”, possivelmente ponderou, tendo em mente os valores astronômicos que os clubes brasileiros devem a seus credores sem qualquer pudor.

Mas o questionamento trazido por essa coluna não é relacionado ao lado financeiro do esporte (pauta para o futuro, quem sabe?), mas sim com uma parte menos literal e talvez até mais filosófica do jogo: as dívidas simbólicas.

Pegue o exemplo de um dos maiores que já passou pelo jogo: Cristiano Ronaldo. O astro português adentrou o ano de 2016 com 31 anos, duas Liga dos Campeões e duas bolas de ouro em seu currículo. Uma estante de troféus invejável para muitos, mas claramente aquém do que o camisa 7 do Real Madrid representava para o jogo à época. O futebol devia algo a ele?

Se sim, a dívida foi quitada com maestria. Desde então, o lusitano acumulou mais três Liga dos Campeões, uma Eurocopa com Portugal (!!), duas bolas de ouro e se tornou o maior artilheiro do Real Madrid e do futebol europeu.

Eu costumo dizer que o futebol é um esporte que peca pelo excesso. Assistimos muitos jogadores que em seu auge foram medíocres colecionarem taças e vitórias muito além do que sua capacidade técnica permitiria alcançar. Mas e os grandes craques que, por um ou outro motivo, não atingiram todas as glorias que almejavam?

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Ronaldo Fenômeno nunca pôde levantar a taça orelhuda da UEFA Champions League. Zico bateu na trave quando disputou a Copa do Mundo. Steven Gerrard se tornou um dos maiores nomes da rica história do Liverpool, mas jamais se sagrou campeão da Premier League, com o detalhe sádico do destino de ter escorregado no lance que matou as chances de título dos Reds em 2014.

O futebol não é um jogo de merecimento. Envolve técnica, tática, rendimento, capacidade física e mental e um pouco de sorte, mas raramente meritocracia. Mesmo assim, ocasionalmente o esporte bretão acha um caminho para acertar suas contas com seus grandes craques.

Foi o que aconteceu no dia 18 de dezembro de 2022 no Lusail Stadium, no Catar. Com um elenco repleto de jogadores medíocres (aqueles, lembra?) e enfrentando a seleção mais estrelada da competição, a Argentina chegou ao topo do mundo em uma das finais mais marcantes da história da Copa. Lionel Messi repetiu seu conterrâneo Diego Armando Maradona e tocou o céu vestindo a camisa albiceleste, algo que era inimaginável há poucos anos. Messi parecia ser mais um nome na longa lista dos gênios que deixariam o esporte sem conquistar tudo que gostariam. 

Parecia. 

O futebol, em meio a suas injustiças poéticas, achou um caminho.

Não sabemos como serão os anos finais de Messi como jogador profissional, mas o argentino não deve mais nada ao futebol e vice-versa.

Lucas Marques

Chute cruzado

Coordenador de esportes da Rádio Cidade Tubarão, apresentador do programa diário Central do Esporte e dos semanais Grande Área Debate e Grande Área Entrevista, co-host e produtor do Cidade a Caminho da Copa, colunista do portal SC Todo Dia, apaixonado por futebol, política e maradoniano devoto. Você me encontra nas redes sociais no @uMarrques

Opiniões do colunista não representam necessariamente o portal SCTODODIA.com.br

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