Quando analisamos o Hercílio Luz da era Raul Cabral, iniciada em meados de 2021, é comum utilizarmos termos como “time operário” ou “vitória do conjunto”. Ontem, no triunfo contra o Catarinense que garantiu a liderança do estadual homônimo, o cenário foi outro.
Nos minutos iniciais, o Hercílio concentrou seus esforços ofensivos na individualidade de Da Silva, novidade pelo lado direito de ataque devido a lesão de Carlos Renato. O camisa 7 foi incisivo e, mesmo sem qualquer brilhantismo, entregou seus melhores minutos com a camisa colorada. Os elogios cessaram após a sua bisonha cobrança de falta da intermediária, que periga ter parado na ponte Hercílio Luz.
O primeiro tempo, entretanto, foi quase todo do Atlético. Sem grandes qualidades técnicas, o time de São José dava sinais de organização surpreendentes, considerando que o treinador Eduardo Costa chegou esta semana. Ameaçou com certa constância a meta colorada e nos lembrou o bom goleiro que Matheus é. O Leão do Sul, equipe que tem seus pontos fortes no trabalho de bola e na aproximação, insistia nas ligações diretas ao ataque, sem resultado. Em dados momentos, a equipe parecia até displicente.
Na volta do intervalo, Ariel Lanzini (que estava no banco em virtude da suspensão de Raul Cabral) fez a alteração que, ao meu ver, mudou o jogo em favor do Hercílio. Tirou o esforçado Giovani, cujo entrega tática não parece mais compensar a ausência de técnica, e compôs o meio campo com Jonathan Cabeça. A partir dali o time voltou a ter a posse de bola e chegar ao ataque com maior frequência, mas pecava no momento da conclusão da jogada por conta de, bem, individualidades.
Sem Giovani em campo, André pode executar a função pela qual ele foi contratado para fazer: ser o jogador de referência do ataque. O camisa 10 mostra que tem qualidade tanto no jogo aéreo quanto com a bola nos pés, mas precisa entender em quais momentos acionar seus companheiros em vez de tentar resolver sozinho. Chegou perto de marcar um golaço na bicicleta defendida por Sidão, e viu Igor Silva cabecear para fora com o gol aberto na sequência. Vimos o que o futebol tem de mais bonito e de mais feio em questão de segundos.
Vale ressaltar: nem todo individualismo é ruim. A pancada de Anderson Ligeiro que balançou as redes do Catarinensee deu a vitória ao Hercílio, por exemplo, demonstra quando ela é necessária. O segredo para o Leão do Sul, líder do Catarinense, é balancear sua alma operaria e seus lampejos decisivos.
Chute cruzado
Coordenador de esportes da Rádio Cidade Tubarão, apresentador do programa diário Central do Esporte e dos semanais Grande Área Debate e Grande Área Entrevista, co-host e produtor do Cidade a Caminho da Copa, colunista do portal SC Todo Dia, apaixonado por futebol, política e maradoniano devoto.
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