Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 32 pessoas se suicidam no Brasil por dia, um índice maior que as mortes causadas pela Aids e pelo câncer. Nesta coluna vou aprofundar a importância desse mês para a construção de uma conscientização que deve ultrapassar o mês de setembro.
A origem desta campanha se deu nos EUA, quando um jovem, de 17 anos, cometeu suicídio, em 1994. Em seu velório uma das mensagens que foram deixadas em cartões foi “Se você precisar, peça ajuda.” Essa iniciativa foi o estopim para o movimento de prevenção ao suicídio. No Brasil a campanha teve início em 2015, e o motivo de se usar amarelo é referente ao velório no jovem americano, onde foram usadas faixas amarelas para homenagear o garoto.
Para o senso comum, o suicídio e depressão estão ligados, mas não necessariamente este ato necessita de um antecedente depressivo. Na realidade, não existe, necessariamente, um processo gradual que leve o indivíduo a cometer suicídio, por exemplo: pessoas que tendem a ser impulsivas também correm risco. A maior questão é que o motivo que antecede a pessoa a tirar a vida não é ocasionado por um único fator, mesmo que, inicialmente, seja atribuído a uma determinada causa.
Trago aqui alguns sinais comportamentais de ideação suicida, que devem ser levados em conta, mas é importante sempre consultar a opinião de um profissional da saúde:
● Tentativas de suicídio anteriores
● Mudanças repentinas de comportamento
● Ameaça de suicídio ou expressão/verbalização de intenso desejo de morrer
● Ter um planejamento para o suicídio
● Sinais observáveis de depressão
● Oscilação de humor
● Pessimismo
● Desesperança
● Desamparo
● Ansiedade, dor psíquica, estresse acentuado
● Problemas associados ao sono (excessivo ou insônia)
● Intensa raiva
● Isolamento: família, amigos, eventos sociais
● Mudanças dramáticas de humor
● Aumento do uso de álcool e/ou outras drogas
● Impulsividade e interesse por situações de riscos
Os sinais também são complementados com sinais indiretos e verbais, como se desfazer de objetos importantes e verbalizar ironicamente ou em tom de brincadeira “quero morrer”.
Uma das saídas é o acolhimento, abrir uma ponte de comunicação, buscar não julgar e não usar frases prontas, indicar um profissional qualificado para lidar com saúde mental. É importante não trazer falas como “você está sendo fraco” ou até mesmo apontar a pessoa como “covarde”. Se dispor a acolher e mostrar empatia é o ideal, criar uma rede de apoio para que o acolhedor não se veja sozinho nessa situação, pois eles também precisam de apoio.
“Quem fala, não faz” este é um exemplo de julgamento criado pelo senso comum, o qual machuca mais ainda aqueles que são acometidos pela ideação, e nunca, NUNCA, acreditar na maior falácia e preconceito que essas pessoas sofrem, achar que o indivíduo “quer chamar atenção”. Este preconceito pode custar uma vida, seja de uma parente ou um conhecido. Um aviso de suicídio deve ser levado a sério.
No Brasil temos o Centro de Valorização à Vida (CVV), que presta apoio emocional e prevenção ao suicídio, 24 horas todos os dias da semana. Por meio de voluntários capacitados, prestam atendimento gratuito. Caso precise, disque 188.
É importante que as pessoas que estejam passando por momentos de crise busquem ajuda. O ideal é um acompanhamento psicológico, apoio da família e amigos. Para isso, é essencial que as pessoas consigam dialogar sobre o que sentem.
Além do Eu
Luiz Gustavo Pereira é compositor e escritor com dezenas de trabalhos lançados por bandas e sua produtora. É acadêmico de Psicologia e foi um dos fundadores da Liga Acadêmica de Saúde e Espiritualidade (Lasesp) e é membro da Liga Acadêmica de Psicanálise (Lepsic).
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