A adoração acompanha a humanidade há séculos. Os primeiros homens provavelmente adoravam o sol, e com o passar dos anos, a humanidade adorou totens, esculturas de barro e outros homens. Hoje idolatram celebridades, cantores, políticos ou até mesmo uma pessoa que conta seu dia na internet.
Obviamente a idolatria pode se tornar perigosa, não podemos esquecer dos quase mil fiéis que cometeram suicídio em massa na Guiana Francesa, em 1978, sendo orientados por um líder religioso. O ponto que eu quero chegar aqui é: a idolatria humana e a necessidade de adoração não são fatos que começaram no século XXI.
Nosso cérebro - mais precisamente nosso subconsciente – trabalha com reforços, sejam eles positivos ou negativos, que são opiniões e pensamentos introjetados em nossa mente, os quais são inconscientes, e ficam ainda mais fortes quando atrelados com uma emoção. Por isso não é incomum assistirmos políticos irados em vídeos nas redes sociais ou em um telejornal. Os pensamentos melhor programados são aqueles carregados de emoção, como por exemplo, os ligados à fé, à ira, ao desejo e à injustiça.
Por mais que a mensagem não te pegue na primeira vez que você a escuta, as falas são repetidas de diversas formas, proferidas por diversos interlocutores. Nisso, o seu subconsciente começa a armazená-las, fazendo você adotar até mesmo discursos de ódio, normalizando a violência. Também é possível falar da idolatria por insatisfação, quando estamos insatisfeitos conosco e refletimos no outro a nossa ideação, em como pretendíamos e gostaríamos de ser. O problema é buscar a solução no outro, quando essa insatisfação só pode ser tratada por nós mesmos e nosso meio.
Com a internet se tornou muito fácil encontrar afago no outro, fugir de nossos problemas e se preocupar com os problemas de terceiros, ou em como eles deveriam agir. Nisso, gastamos mais energia desenvolvendo soluções para os outros do que para nossos próprios problemas. Isso pode revelar uma força de nossos subconscientes de fugir de problemas, ao não querer encontrar nossos próprios fantasmas, construindo uma autodefesa – nossas mentes estão cheias delas – buscando uma saída fácil para passar o tempo.
Trouxe aqui alguns problemas que rondam a humanidade há muito tempo, e bem por isso seria muita prepotência da minha parte anunciar uma solução. Mas, reitero o que para mim é o começo de uma resolução: a conscientização, o entendimento de nossas próprias vontades e o acompanhamento terapêutico.
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Além do Eu
Luiz Gustavo Pereira é compositor e escritor com dezenas de trabalhos lançados por bandas e sua produtora. É acadêmico de Psicologia e foi um dos fundadores da Liga Acadêmica de Saúde e Espiritualidade (Lasesp) e é membro da Liga Acadêmica de Psicanálise (Lepsic).
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