Com certa constância, somos incentivados a construir uma imagem idealizada de nós mesmos, em vez de nos conhecermos verdadeiramente. Este fato pode nos levar à falta de autenticidade e à tentativa de agradar aos outros, no lugar de sermos fiéis aos nossos próprios valores e desejos. Muitos pensadores já disseram que sem autenticidade não há felicidade. Então, o que nos falta para sermos autênticos? E, o que pode ser pior: por que não somos autênticos conosco?
O psiquiatra e psicólogo Carl Jung já constatou que, a priori, é normal criarmos uma persona, nos apresentarmos de acordo como achamos que devemos -ou deveríamos- nos apresentar, além de pouparmos algum comentário mais ácido ou nos vestirmos de alguma forma específica para uma ocasião, mesmo que seja contrário à nossa vontade. Mas, observa-se, com certa frequência, que alguns atores se perdem no seu papel, a ponto de amar mais sua persona do que sua essência, a ponto de acreditar que aquela imagem criada e idealizada é, de fato, seu “eu” verdadeiro.
Essa falta de congruência pode nos levar a termos uma perda de autenticidade: com medo de desagradar terceiros, deixamos de nos posicionar e falar o que sentimos, acarretando relações rasas e isentas de subjetividade. Ao tentar sustentar este papel, um ponto a ser considerado é o constante estado de ansiedade que este indivíduo pode se encontrar.
Mas, por que perdemos a capacidade de sermos nós mesmos? Na contemporaneidade, até as crianças são vítimas desse anseio por aprovação. A aprovação pode vir na forma de elogios, incentivos e reconhecimento das conquistas e esforços dos pequenos. No entanto, é importante que essa busca pela aprovação não se torne excessiva ou prejudicial para a criança. Se a criança sentir que precisa constantemente buscar a aprovação dos outros para se sentir valorizada, pode desenvolver uma dependência emocional e uma falta de confiança em si mesma. Como acontece com os adultos.
O que nos levou a isso? Sempre houve “pessoas políticas”, que sabiam o que falar para conquistar a atenção das pessoas. Porém, hoje me parece que todos anseiam por esse estímulo e aprovação constantes, buscando demonstrar uma subjetividade que, particularmente, creio que não seja verdadeira.
Siga-me nas redes sociais:
Além do Eu
Luiz Gustavo Pereira é compositor e escritor com dezenas de trabalhos lançados por bandas e sua produtora. É acadêmico de Psicologia e foi um dos fundadores da Liga Acadêmica de Saúde e Espiritualidade (Lasesp) e é membro da Liga Acadêmica de Psicanálise (Lepsic).
Opiniões do colunista não representam necessariamente o portal SCTODODIA.com.br