As últimas informações sobre o conflito entre russos e ucranianos, que já atinge mais de cem dias, contabilizam milhares de mortos em ambos os lados, apesar das dificuldades em apurar a veracidade das cifras, principalmente do lado russo, historicamente avesso a liberar informações militares, especialmente durante uma guerra. Por outro lado, a Ucrânia afirma que mais de dez mil dos seus soldados foram mortos, afirmação também complicada para checar, uma vez que o país está com várias regiões isoladas, o que impede uma verificação confiável. Como disse Winston Churchill, primeiro ministro inglês, a primeira vítima em uma guerra é a verdade. Mas o tema desta crônica não é a verdade, é a velocidade. Você percebeu, caro leitor, a diferença do número de informações veiculadas por todos os veículos midiáticos, do primeiro dia de guerra em relação aos últimos dias? Assim que a Rússia invadiu a Ucrânia, o assunto dominou as manchetes em todo o planeta. Aspectos militares, econômicos, políticos, étnicos, diversos ângulos despejaram informação em todos os canais disponíveis, analisando e projetando o desenvolvimento do conflito.
No entanto, à medida que a guerra começou a se alongar, os dados foram escasseando, as notícias se repetindo, os cases com histórias sobre resistência, dificuldades e heroísmo foram rareando, o tema foi se banalizando, o interesse do público minguando, e hoje o espaço dedicado à guerra na mídia é significativamente menor. Qual a razão para esta realidade? Neste mundo totalmente conectado e cada vez mais voltado para a instantaneidade, a rapidez com que os fatos surgem e são rapidamente eclipsados por novos acontecimentos é assustadora. A ânsia pela novidade parece não ter fim. Tudo precisa ser novo, original. O que hoje é novidade, amanhã já não carrega mais esta aura, envelheceu, perdeu o frescor e, consequentemente, o interesse do público. Esta busca contínua pela atualização ininterrupta, além da exigência de uma produção gigantesca de informações, o que leva à possibilidade da transmissão de fatos não verdadeiros, as famigeradas fake news, cria uma expectativa, junto aos receptores das informações, de um fluxo constante e inesgotável de dados. Quando esta expectativa não é atendida, gera frustração. Atingiremos um equilíbrio neste processo? Criaremos filtros para saber o que é verdadeiro ou não? Não sei, porém, se isto não acontecer, a ansiedade, já definida como o mal do século XXI, deverá aumentar exponencialmente.