Um dos impactos da pandemia foi sentido no desenvolvimento da fala das crianças; o Portal SCTODODIA conversou com especialistas no assunto.
O ambiente escolar cumpre papel essencial no desenvolvimento da fala das crianças, e durante a pandemia, o afastamento dos pequenos desse espaço acarretou em mudanças nessa fase, é o que afirma a fonoaudióloga Bianca de Pieri.
“Com a pandemia, tivemos uma ruptura nessa fase de inserção da criança na escola ou da continuação do período escolar, por isso, as crianças acabaram ficando sem essa estimulação que é pensada diretamente para elas, pais tiveram que aprender a ensinar e houve um aumento significativo do uso de telas, afinal, a criança acaba acalmando-se nesse recurso. Contudo esse recurso acaba roubando também infâncias, brincadeiras, convívio com os pares, imaginação e interação social. Alguns estudos apontam que a inserção das telas na infância pode ocasionar o atraso no desenvolvimento da fala. A busca pela fonoaudiologia e pelo auxílio na estimulação de linguagem cresceu quando o acesso a telas começou a aumentar, na pandemia isso se agravou ainda mais, com país em home office, os filhos sem escolas, não conseguirem lidar ou brincarem com a criança, a tela solucionou durante esse período a maior parte dos problemas, porém, também trouxe imensuráveis malefícios. Vale ressaltar que nem toda criança exposta a telas terá um atraso no desenvolvimento ou atraso na fala, mas que a chances disso acontecer é 6x maior. Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria o uso das telas é indicado de 30min a 1h por dia para crianças acima dos 3 anos, e com inúmeras ressalvas” afirmou.
“O desenvolvimento da fala depende de inúmeros fatores como atenção, contato visual, intenção comunicativa, atenção compartilhada e com certeza um dos pilares é a interação social, com as pessoas da família e com os pares, ou seja, crianças da mesma idade, pois é com crianças, através do auxílio de adulto que se aprende a brincar, imitar e melhor compreender o mundo, para posteriormente a fala vir a fluir” concluiu a fonoaudióloga.
Quem também conversou sobre o tópico com o SCTODODIA foi Mauricio da Silva, presidente da Fundação de Educação de Tubarão: “Nada, rigorosamente nada, substitui a interação pessoal aluno/professor, aluno/aluno. Estudando em casa no ano passado os estudantes perderam aprendizagem, saúde emocional, segurança alimentar e integridade física” relatou.
Quando perguntado se a modalidade de ensino virtual seria apenas uma solução temporária ou algo permanente de alguma forma, Mauricio afirmou: “a cultura digital veio para ficar”.