Data relembra morte do guerreiro Zumbi dos Palmares, mas não é feriado nacional
O dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, é emblemático e representa um momento de reflexão sobre a igualdade racial no Brasil. É um dia de reverência ao guerreiro Zumbi dos Palmares, que morreu em 20 de novembro de 1695, e por sua luta contra a opressão como líder do maior quilombo brasileiro, o Quilombo dos Palmares. Também é dia de relembrar o papel de Dandara dos Palmares, casada com Zumbi com quem teve três filhos, e líder de soldados na luta contra os portugueses em defesa do quilombo.
A data não é feriado em todo o Brasil, mas apenas em seis estados: Alagoas, Amazonas, Amapá, Mato Grosso, Rio de Janeiro e São Paulo. Os jornalistas da NSC falam sobre a importância deste dia, mas a reflexão é de todos os brasileiros. Confira:
Um encontro com o passado, presente e futuro
Para Carol Fernandes, repórter da NSC TV, o novembro negro serve como ponto de intersecção da reflexão, do enfrentamento e da construção de consciências.
O período abre espaço para que possamos contar histórias, criar memórias, enaltecer feitos, traços e relatos das nossas vivências. Tudo isso feito com a nossa própria voz. É um momento para registrar e cobrar tudo o que nos foi, e continua, sendo negado.
Acredito que é deste encontro com o passado, presente e futuro que a consciência negra se constrói. O processo pode ser doloroso, mas é – finalmente – libertador. Conscientes de que somos potências, belezas e riquezas honramos quem lutou (e sangrou) para que a nossa existência fosse preservada.
O meu desejo é seguir criando conjuntamente a consciência do poder da nossa resistência, da nossa força e do nosso brilhantismo. Se quem vem antes merece a nossa reverência, quem vem depois merece o nosso esforço — afirma.
O Brasil precisa devolver aos negros sua dignidade
“O mês de novembro é importante para refletirmos sobre igualdade. Somos todos iguais, mas não é o que se vê na distribuição de renda, oportunidades de trabalho, acesso à saúde, lazer e educação. É importante para relembrar de onde viemos, da luta de nossos antecessores e do legado do nosso povo ancestral”, diz a editora do portal NSC Total, Andréa da Luz.
— Ter consciência negra é manter-se crítico o tempo todo, é olhar para espaços que ainda podemos ocupar, é educar nossos filhos para terem consciência do que representa ser negro num país racista e de como podemos lutar por uma sociedade antirracista através da educação e do agrupamento para fortalecer a luta.
O que desejo é que as futuras gerações tenham força para não desanimar diante das portas que são fechadas para nós e abertas para outros por causa da cor da pele. Desejo que todos nós possamos nos expressar livremente através de nossa cultura, religiões, cabelos, adereços e danças sem sermos julgados ou rechaçados. Que o Brasil consiga nos devolver a dignidade que historicamente nos foi tirada, e que a reparação seja feita através de cotas, incentivos ao empreendedorismo, acesso à moradia e aos direitos universais. Que sejamos livres de fato — completa.
Resistência e revolução
A jornalista e repórter do g1 SC, Caroline Borges, lembra que neste dia devemos “olhar para dentro”.
"Nos revisitemos e resgatemos a nossa história. E que, assim como Zumbi dos Palmares, sejamos resistência e revolução. Inspirados por Antonieta de Barros, façamos história na política, no jornalismo, na educação e na arte", pontua.
Além do dia de festa e da lembrança histórica, reservemos tempo para pensarmos nas estratégias de enfrentamento ao racismo e discriminação. Celebremos o amor, a cultura e as múltiplas existências negras neste país, estados e em cada cidade — afirma Caroline.
Luta por direitos e por respeito
"O novembro negro é importante porque representa a minha história, representa todos os negros que já sofreram e que ainda sofrem algum tipo de discriminação. É o mês símbolo da luta por nossos direitos, por respeito. Uma data para relembrar as lutas dos movimentos negros pelo fim da opressão provocada pela escravidão", defende a repórter cinematográfica, Ana Paula Santos.
"A consciência negra é um momento de reflexão, de relembrar as lutas, os movimentos negros, as crueldades provocadas pela escravidão, os sofrimentos dos nossos antepassados e de hoje, em pleno século 21", declara.
"Uma vez eu li que o futuro é um lugar imaginário, inexistente, que povoa a mente de todo ser humano. Mas eu espero que seja um lugar sem discriminação de cor, raça, opção sexual e muitas outras coisas. Espero que eu possa andar tranquilamente sem ter olhares porque sou negra ou lésbica, que não haja mais crimes de ódio e, quando acontecer, que seja cumprida a justiça", declara.
Reforçar as medidas de combate ao preconceito
— Todo dia quando levanto, penso na grande responsabilidade que tenho pela frente em um dia de trabalho. Não só pela tarefa de ser jornalista, mas também de levar junto comigo milhares de pessoas ao estar ali diante de uma câmera de televisão, pois sei que estou levando a representatividade. Isso é o que mais me instiga — diz Cristiano Gomes, repórter da NSC TV.