Uma das alternativas para quem não pode ter filhos biológicos ou mesmo deseja fazer uma experiência diferente é o processo de adoção. Na Comarca de Tubarão, o número de adoções permaneceu semelhante durante a pandemia.
Ver a casa cheia é o desejo de muitas famílias brasileiras. Seja por problemas para engravidar ou a vontade de ser lar para crianças acolhidas em instituições, a adoção é um processo frequente em todo o país. Em diversos lugares, esse número diminuiu durante a pandemia. Já na Comarca de Tubarão, a psicóloga forense, Leda Pibernat Pereira da Silva diz que foi diferente. Segundo ela, os processos seguiram praticamente semelhantes entre 2019 e 2021. "As adoções sempre foram priorizadas, mesmo durante os períodos mais restritivos da pandemia ou quando os fóruns estavam em trabalho remoto. Nunca aconteceu de algum processo ficar parado ou alguma criança esperando família sem que o trabalho acontecesse. Não houve aumento ou queda, continua muito parecido com os outros anos", garante.
Hoje, existe apenas uma menina aguardando ser adotada. Com 10 anos, Leda destaca que a dificuldade, nesses casos, é encaixar com o perfil cadastrado pelas famílias aptas. Nas demais situações, em especial crianças entre 0 e 4 anos, encontram-se famílias de maneira mais rápida. "Qualquer situação que se apresente de criança apta para adoção, no mesmo dia já começamos as buscas por famílias dentro dos cadastros, identificando os perfis compatíveis às crianças. Um bebê ou uma criança de pouca idade não fica esperando muito tempo, costuma ser rápido, porque temos um número grande de famílias que se habilitam para esse perfil. Quando temos alguma criança esperando é justamente porque o perfil não corresponde ao desejo das famílias, que é o caso dessa menina", lamenta.
A maior dificuldade, hoje, é o encaminhamento de crianças maiores e grupos de irmãos, já que fogem dos perfis mais tradicionais. Antes de receberem uma nova família, no entanto, as crianças têm a oportunidade de passar pelo Serviço Família Acolhedora. Em Tubarão, a coordenadora Cristiane Pickler explica que a equipe é composta por duas profissionais: uma psicóloga e uma assistente social. Atualmente, são cinco famílias aptas para acolher crianças e adolescentes no município. "Está em processo de avaliação do jurídico para fazermos um edital de chamamento. Vamos deixar um período aberto para as famílias se cadastrarem e iniciarmos a avaliação. É difícil uma família ficar sem criança. Nos últimos 12 meses, nós tivemos 17 acolhimentos. Foram 19, na verdade, duas crianças que voltaram e foram acolhidas novamente. Mas é um número que aumentou, algo que atribuímos à pandemia. É um número grande em relação aos anos anteriores, quase dois acolhimentos por mês, infelizmente. Mas a demanda é sempre essa: sai uma criança e já entra outra", explica.
Segundo Cristiane, o serviço proporciona um ganho muito maior à criança, por não perder o contexto de família. "A gente vê o sorriso das crianças quando vai visitar. Elas estão bem cuidadas, protegidas, felizes, aprendendo, naquele contexto, que pode ter uma vida melhor. Não tem nada que pague isso. Já é um momento tão delicado e sofrido, que o mínimo que podemos fazer é dar um pouco de acalento. O que é ensinar o amor para uma criança? Não tem como, é só realmente dando amor, mostrando o que é o amor. É isso que buscamos fazer sempre que chega uma criança até a gente", admite.