Segunda-feira, 20 de maio de 2024

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Luiz Gustavo Kabelo

O preço de um ideal

31/01/2024 10h45 | Por: Luiz Gustavo Kabelo

Qual o preço para se construir um ideal? Quantas sociedades foram nomeadas como “bárbaras” para justificar violência, quantas mentiras foram santificadas, quantos “deuses” foram precisos sacrificar? Tudo em razão de um ideal.

O Império Romano, durante muito tempo na antiguidade, invadiu e escravizou em nome da crença na sua superioridade e evolução. Em sua expansão, nomeavam seus rivais como “bárbaros, ” como justificativa da conquista.

Trazendo para mais perto, temos outro exemplo com a igreja católica, que buscou “santificar” as outras populações, ajudando a investir nas expansões dos europeus pelas américas. Existe uma semelhança nesses movimentos em que eu poderia citar mais exemplos, mas a questão é a nocividade de impor um ideal. Estas imposições são sempre agressivas, por vezes cruéis. 

Neste momento, o católico que lê isto pode se sentir atacado, pode sentir um nó do estomago ou até mesmo pode cessar sua leitura desta coluna. Eu acho esse sentimento muito importante, porque ele se conecta com os sentimentos que esses povos que foram “santificados” sentiram; este gosto amargo, serve como tira-gosto, uma fração do sentimento que os povos e nações inteiras vivenciaram.

Estou usando uma figura de linguagem simples, talvez devesse ser mais incisivo, mas os não católicos terão de me perdoar. A intenção aqui não é confrontar, mas sim fazer compreender o lugar do subjugado, pois este amargo, nada mais é que uma representação do sentimento que os Romanos deixaram em seus vizinhos “bárbaros”. 

    Agora como se constrói um Ideal? Digamos um ideal um tanto mais saudável? Através da - já apresentada aqui – dialética. O ideal se faz por consenso, a partir de conversas e debates é que se extrai o caminho, que não deve ser algo a ser atingido, mas algo a ser construído.

 É de suma importância furarmos as bolhas sociais para que isso aconteça, a maior barreira para isso é a polarização, que separa amigos e parentes. Mas, para tal acontecimento, é necessário acabar com os ideais fixos, – um dos motivos para tamanha polarização - pois com eles existindo a dialética é inútil. 

O apego às ideias, aos futuros pré-fixados torna o sujeito sectário, o que pode tornar o sujeito reacionário, levando-o a irracionalidade que o cega, acaba, assim, por não perceber a dinâmica da realidade ou quando a percebe, é uma percepção equivocada, como diria um pensador brasileiro “sofrem por falta de dúvida”.

É importante reconhecer e entender o passado, para que não se repita os mesmos erros, e o reconhecer para não entrar em negação, partindo, assim, para loop que se transfere de geração para geração, trazendo a perda de culturas inteiras, e até mesmo de vidas.


 

Luiz Gustavo Kabelo

Além do Eu

Luiz Gustavo Pereira é compositor e escritor com dezenas de trabalhos lançados por bandas e sua produtora. É acadêmico de Psicologia e foi um dos fundadores da Liga Acadêmica de Saúde e Espiritualidade (Lasesp) e é membro da Liga Acadêmica de Psicanálise (Lepsic).

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