Segunda-feira, 20 de maio de 2024

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Luiz Gustavo Kabelo

Uma vida que vale a pena ser vivida

26/12/2023 15h40 | Por: Luiz Gustavo Kabelo

Dentre os diversos caminhos da vida, a estrada que todos ansiamos é aquela que faz a vida fazer sentido, o que nos faz feliz, um caminho que faz sentido ser trilhado e vivido.

Provavelmente você almeja uma vida ideal, que você julga ser melhor para você e sua família, talvez você não pense diretamente com essas palavras, mas provavelmente é um trabalho com bom salário, uma boa casa, talvez algumas viagens durante o ano...você pode pensar até em não trabalhar mais, se aposentar mais cedo. Alguns serão mais vorazes, irão desejar rios de dinheiro, um carro veloz, fama ou serem lembrados por gerações.
 
O problema dessa vida que “vale a pena ser vivida”, por meio de bens de consumo, é que ela nunca chegará! Digo isso porque sempre haverá um carro mais tecnológico, um novo smartphone com mais funções, uma nova viagem para fazer. Mas, é importante lembrar que as casas grandes envelhecem, os carros precisaram ser substituídos, e os smartphones não receberam mais atualizações, tudo de propósito para você ralar mais e voltar às lojas novamente. 

Logo, se cria uma diferenciação daqueles que aparentam ter uma vida que vale a pena e outros que não (claro, tudo de forma teatral, movido por aparências). Com os primeiros buscando assegurar seu lugar e infelizes por estarem ficando para trás, o que vemos são os seus esforços para precarizar o acesso aos itens básicos dos menos abastados.

Dessa forma, vão contra o aumento do salário mínimo, contra a educação gratuita, contra a saúde gratuita, por um motivo óbvio para aqueles que conhecem a boa literatura: “Quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é se tornar opressor.”
Assim, para o nosso novo opressor, a vida que vale a pena ser vivida, é aquela que ele o diferencia de alguma forma, e a forma que ele encontra é a mais fácil: a impressa nos outdoors, nos comerciais, no cinema, aquela que foi forjada para ele. Ele se enxerga no carro, nos storys, na marca da bebida -é mais um retrato da educação não libertadora. 

Um ataque se inicia a tudo que é público, se precariza a educação pública para vender matrículas nas escolas privadas, se precariza a saúde, para vender planos de saúde. Faz-se isso para que, cada vez mais, aquele que não tem um salário descente se retire para as margens e para os cantos das cidades.

Se você chegou na vida que vale a pena ser vivida, por que privar o resto de chegar até ela? Por que ficar feliz sozinho? Por que precisa de que o outro não tenha acesso para você se sentir feliz? Não seria este um sinal da educação pouco libertadora?

Se a vida que se deseja é a com pouco trabalho e fartura de dígitos na conta bancária, por que julgar o outro por querer também?

e o salário mínimo é suficiente, se uma jornada onde se trabalha 50 horas por semana, -ou até mais- 6 dias por semana, é uma vida que vale a pena ser vivida, por que você não o faz? Provavelmente o problema maior é ter que aguentar toda essa jornada de trabalho, que não assegura nosso trabalhador de nenhuma forma -nem mesmo da mínima forma - de que aos 70 anos, ele vai conseguir uma vida que vale a pena ser vivida. 

Claro, isto é um exercício, meu caro leitor... eu não ousaria te acusar de tal atrocidade. O que quero expressar aqui é minha opinião de que uma vida baseada no consumo, e na submissão do outro, não é uma vida que vale a pena ser vivida.

 

 

Luiz Gustavo Kabelo

Além do Eu

Luiz Gustavo Pereira é compositor e escritor com dezenas de trabalhos lançados por bandas e sua produtora. É acadêmico de Psicologia e foi um dos fundadores da Liga Acadêmica de Saúde e Espiritualidade (Lasesp) e é membro da Liga Acadêmica de Psicanálise (Lepsic).

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