Um fato curioso chamou a atenção na Grande Belo Horizonte durante esta semana: uma casa impressa em 3D e que possui acabamentos, louças e mobiliário, custando o valor de R$ 120 mil foi colocada à mostra na cidade de Nova Lima. Será que esse é o futuro da engenharia e construção civil no país?

O primeiro questionamento a se fazer é se uma casa inteira impressa em 3D realmente seria possível. Bom, possível é. Mas definitivamente não é a realidade do mercado atualmente.

A diretora do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Santa Catarina (CREA/SC), Daniela Milanez Zarbato, explica que o projeto realizado em Minas Gerais é raro, mas existe uma tendência para um maior uso da tecnologia para produção de pequenas coisas. "Não vejo que em nosso mercado aplicaria algo em escala maior, ou até mesmo em plena escala, pois o investimento é muito alto. Este protótipo seria algo isolado", comenta Zarbato.

"Eu acredito que esta técnica iria demorar para chegar no Brasil. Tecnologias para suportar as severidades de clima ainda são buscadas", complementa a diretora regional. Observando por outro viés, Santa Catarina começa a avançar na chamada "construção a seco", que consiste na construção que não usa água na composição estrutural da sua obra (é usada apenas na fundação), dispensando argamassa e cimento.

A especialista em prototipagem rápida para arquitetura, digitalização 3D e fabricação digital, Regiane Trevisan Pupo, comenta que o avanço da tecnologia no ramo da construção civil é muito importante para atualizar os profissionais, e não substituí-los. Ela também fundou o Fab Lab da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), onde também é professora. O local fornece ferramentas controladas pelo computador e materiais para a produção rápida de objetos, estimulando a inovação por meio da prototipagem em um ambiente colaborativo.

"É um lugar para desmistificar a complexidade da informática e a partir dela, aplicá-la na arquitetura, no design e na engenharia civil", afirma Regiane. Ela também comenta sobre as vantagens da impressão 3D em pequena escala. "Na fabricação digital eu posso fazer uma, duas, mudar o tamanho, mudar a cor, imprimir de novo. Há essa facilidade no processo projetado".

Dentro da universidade, o uso da impressão 3D é usado para diversas áreas atualmente. Além da arquitetura, profissionais da matemática, biologia, odontologia, medicina, fisiatria, museologia e biblioteconomia tanbém utilizam a ferramenta. "A materialização da forma, pode ser usada em diversas expertizes de uso. A mesma coisa com as outras tecnologias", finaliza Trevisan.