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Paulo Monteiro

Além do Oscar: os 10 melhores filmes de 2023 que não foram indicados

06/02/2024 19h18 | Por: Paulo Monteiro
Foto: Reprodução

Há algumas semanas foram divulgados os filmes indicados à 96ª edição do Oscar, a maior e mais famosa premiação de cinema do mundo. Apesar de ser responsável por colocar muitas obras no radar do público, o evento da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas acaba não sendo capaz de abranger todos os bons filmes do ano, muito por conta de sua própria característica e de seus votantes - estadunidenses, na imensa maioria. Em outras palavras: não é porque um filme não está indicado ao Oscar que ele não é bom - muito pelo contrário.

2023 foi um ano bastante interessante para o cinema e, como é de praxe, muitos dos bons filmes acabaram não aparecendo no Oscar. Por mais que, obviamente, eu não tenha assistido a todos os lançamentos do ano, ainda assim consegui dar uma boa passeada por obras que, por fim, não apareceram entre os indicados da Academia. 

Sendo assim, fica aqui o meu registro dos 10 melhores filmes de 2023 que não foram indicados ao Oscar:

10 - Batem à Porta 

Um casal gay e sua filha vão passar um fim de semana em uma cabana no meio da floresta. Durante a estadia, são surpreendidos por um grupo de pessoas que alegam que o destino do planeta terra está nas mãos dos anfitriões. Uma situação está posta: um dos membros do casal precisa matar o outro, por vontade própria, para impedir o fim do mundo.

M. Night Shyamalan, diretor de O Sexto Sentido e Corpo Fechado, traz aqui mais um filme de suspense cuja situação tensa e improvável é palco para o desenvolvimento de seus personagens. Batem à Porta está disponível na Globoplay.

9 - BlackBerry 

Quando a internet ainda não era tão popular e os celulares possuíam pouquíssimas funções, dois jovens tiveram a ideia de desenvolver um aparelho portátil capaz de fazer e receber ligações, enviar e receber mensagens e, até mesmo, e-mails. Em 1999, foi lançado o primeiro celular da linha BlackBerry - um dispositivo muito a frente do seu tempo, mas cuja ascensão foi tão rápida e meteórica quanto a queda.

A história por trás da criação desse celular que mudou, por um tempo, a forma como muitas pessoas enxergavam os celulares está retratada em BlackBerry. Dirigido por Matthew Johnson, o filme é uma boa obra de bastidores para quem gosta dessas grandes criações do mundo da tecnologia. BlackBerry está disponível para aluguel na Amazon Prime Video, Google Play Filmes e Apple TV.

8 - How to Have Sex 

Uma adolescente viaja com duas outras amigas para um festival que promete marcar as suas vidas. Sexo, álcool e diversão são os objetivos das jovens que, na estadia, acabam se relacionando com outras pessoas hospedadas no mesmo local. O que era pra ser felizmente inesquecível para uma das meninas, no entanto, acaba se tornando uma experiência que deixará cicatrizes. 

How to Have Sex é um drama de amadurecimento (coming of age) que trabalha muito bem o idealismo que construímos com relação ao sexo. A ideia do sexo e o que ele precisa representar para uma mulher, em um contexto de juventude, é colocado em prova pelo olhar da protagonista. Um ótimo filme, que está disponível no Mubi

7 - Clube da Luta Para Meninas 

No último ano do ensino médio, duas amigas decidem criar um clube de luta exclusivo para meninas para poder se aproximar e conquistar líderes de torcida pela qual estão apaixonadas. O grupo acaba ganhando um significado diferente, e um pouco mais profundo, para cada uma das integrantes.

Clube da Luta Para Meninas é uma grata surpresa dirigida por Emma Seligman, que já havia feito sucesso com Shiva Baby em 2020. O filme resgata a estética adolescente dos anos 1990 para contar uma história que não apenas entretém muito bem como, também, brinca com estereótipos de uma maneira muito criativa e engraçada. É uma das melhores comédias dos últimos anos, construída em cima de uma química excelente entre as atrizes Rachel Sennott e Ayo Edebiri. Está disponível no Prime Video.

6 - O Assassino 

Um assassino de aluguel metódico tem sua vida colocada em prova quando erra o alvo o qual foi pago para executar. O erro, com o qual nunca havia convivido antes, faz com com que ele se torne a pessoa a ser caçada - em um movimento de retaliação que acaba atingindo a única pessoa com quem ele ainda se importa.

Dirigido pelo sempre excelente David Fincher, de Zodíaco e Seven, O Assassino funciona como o playground do cineasta - que tem liberdade para brincar com todos os maneirismos estéticos e de roteiro que desenvolveu em seus anos de experiência. Não ter amarras pode resultar em exageros, mas dentro do mundinho criado por Fincher, funciona muito bem. O filme está disponível na Netflix.

5 - Folhas de Outono 

Em uma Finlândia aflita pela guerra entre Rússia e Ucrânia, duas pessoas precisam enfrentar os desafios do amor e do desemprego. Ansa luta para conseguir um emprego melhor, para que possa pagar o aluguel de seu apartamento; enquanto Holappa pula de trabalho em trabalho e lida com os efeitos da embriaguez. No meio disso tudo, sobra espaço para que as almas solitárias encontrem um amor improvável e incomum.

Folhas de Outono é um romance que flerta com o drama e com a comédia de uma maneira não muito convencional. O humor está presente na abordagem seca, trágica, por vezes triste - mas ainda assim engraçada - da vida e do relacionamento dos personagens. Aki Kaurismäki entrega o romance do proletariado de maneira única, em um ótimo filme - que está disponível no Mubi.


 

4 - O Mal Que Nos Habita  

Moradores de uma região rural da Argentina encontram um cadáver mutilado e decidem investigar o caso. A investigação leva até uma simples casa, onde uma mãe afirma abrigar um filho doente, que estaria gerando uma entidade do mal. Na tentativa de levar essa pessoa e o mal que ela carrega para longe, dois irmãos acabam perdendo o corpo - o que faz com que a entidade maligna, antes gerada em um único lugar, se espalhe. 

O Mal Que Nos Habita é, de longe, o melhor filme de terror de 2023. Dirigido por Demián Rugna, o filme constrói um universo onde a possessão demoníaca é algo conhecida, mas os efeitos da mesma transcendem o esperado. Brutal, intenso e visceral, o filme te pega pelo estômago para contar uma história que choca como poucas obras de terror hoje em dia. Está disponível nos cinemas.

3 - Crescendo Juntas 

Uma jovem de 11 anos muda de cidade junto de seus pais e passa a questionar tudo ao seu redor: a adolescência, as relações parentais e, até mesmo, a existência de Deus. Esses questionamentos vão sendo respondidos um por um em uma jornada de amadurecimento da jovem, de seus pais, avós e amigos. 

Crescendo Juntas é um drama coming of age surpreendente. Esse gênero de filme, explorado quase à exaustão, ganha um novo ar aqui, na medida em que explora o amadurecimento de mulheres em diferentes fases da vida. A relação entre filha, mãe e avó é desenvolvida de maneira bem humorada e muito tocante pela cineasta Kelly Fremon, que aproveita um ótimo elenco principal para contar essa história. Crescendo Juntas está disponível na HBO Max.

2 - Monster 

Uma mãe percebe que seu filho está se comportando de maneira diferente e vai até a escola para tentar descobrir os possíveis motivos. O que se desenrola a partir daí é uma história de amor e tragédia contada a partir de três pontos de vista diferentes.

Monster é um daqueles filmes cuja história vai ganhando rumos diferentes na medida em que vai sendo contada sobre perspectivas diferentes. Ainda assim, os três pontos de vista tem algo em comum: o afeto - e todas as suas consequências e receios. Um dos filmes mais bonitos do ano, dirigido pelo excelente Hirokazu Koreeda. Disponível no cinema e por meios alternativos.

1 - Retratos Fantasmas 

A história do centro de Recife é contada a partir das salas de cinema que um dia movimentaram e ajudaram a ditar a vida que se desenvolvia naquele local. Toda metamorfose desse espaço em específico, no século XX, teve alguma relação com o cinema pulsante que ali se criou.

Retratos Fantasmas é um dos meus filmes preferidos do ano. Uma reflexão sobre os espaços que influenciaram a nossa vida com a distância do tempo, o que nos garante uma percepção, por vezes, muito mais apurada de como certos lugares e experiências marcaram quem nós somos. Kléber Mendonça Filho faz da sua vida pessoal e da sua relação com o centro do Recife um documentário lindo, cheio de carinho, melancolia e personalidade. Está disponível na Netflix

Menções honrosas aos não assistidos, mas super bem falados 

Infelizmente, não consegui assistir a todos os filmes que gostaria e que foram lançados em 2023. Sendo assim, fica a minha menção honrosa a alguns não assistidos, mas que tenho plena ciência de que foram super bem falados - e que provavelmente valem a pena serem assistidos também:

Afire - dirigido por Christian Petzold
Beau tem Medo - dirigido por Ari Aster 
Ferrari - dirigido por Michael Mann
Priscilla - dirigido por Sofia Coppola
Asteroid City - dirigido por Wes Anderson 
Sem Ursos - dirigido por Jafar Panahi 
Suzume - dirigido por Makoto Shinkai 
Fechar os Olhos - dirigido por Victor Erice 

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Paulo Monteiro

Cinema em Cena

Paulo Monteiro é repórter da Rádio Cidade em Dia, de Criciúma, jornalista profissional e um apaixonado pelo mundo do cinema e cultura pop. Com passagens por veículos de imprensa de Criciúma, já escreveu sobre a sétima arte também para o Cinetoscópio e CineVitor.

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