Conheça mulheres que cruzaram fronteiras cósmicas, da descoberta de galáxias à definição da hora legal brasileira
Nesta semana, 8 de abril, foi celebrado o Dia Mundial da Astronomia aqui no Brasil, um marco que nos lembra da vastidão do cosmos e da nossa incansável busca por compreendê-lo. Neste especial, destacamos as trajetórias extraordinárias de mulheres pioneiras na astronomia, cujas descobertas e legados não apenas ampliaram nosso entendimento do universo, mas também abriram caminho para que futuras gerações de cientistas mulheres possam sonhar alto e alcançar as estrelas.
Das antigas esferas de Hipátia de Alexandria à identificação de pulsares por Jocelyn Bell Burnell, passando pela descoberta da imensa galáxia espiral NGC 6872 por Duília de Mello e o pioneirismo de Yeda Veiga Ferraz no cenário astronômico brasileiro, celebramos o impacto duradouro dessas mulheres formidáveis na ciência astronômica.
Duília de Mello (nascida em 1963) - Atualmente é Vice-Reitora de Estratégias Globais e professora titular de física na Universidade Católica de Washington e pesquisadora associada do Goddard Space Flight Center da NASA, Duília é uma destacada cientista brasileira no exterior. Com um Doutorado concluído na USP em 1995, ela já publicou mais de 100 artigos científicos e dois livros. Entre suas descobertas mais notáveis está a maior galáxia espiral conhecida, a NGC 6872. Duília foi reconhecida como uma das 10 mulheres que mudam o Brasil pelo Bernard College/Columbia University em 2013 e uma das 100 pessoas mais influentes do país pela Revista Época em 2014.
Yeda Veiga Ferraz Pereira (1925-2020) - Primeira astrônoma do Brasil, Yeda rompeu barreiras ao trabalhar no Observatório Nacional, um campo dominado por homens durante mais de um século. Formou-se em Engenharia Civil e Elétrica, sendo uma das primeiras engenheiras do Brasil. Yeda dedicou-se não só ao cálculo da órbita de cometas e à determinação exata da posição dos astros, mas também à confecção do “Anuário Astronômico” e às observações que definiam a Hora Legal Brasileira. Sua colaboração com o Bureau Internationale de l’Heure destacou-se nos estudos do movimento de rotação da Terra.
Hipátia de Alexandria (século IV) - Uma pioneira na matemática e astronomia, conhecida pelo desenvolvimento do astrolábio. Hipátia é lembrada por suas habilidades em geometria e astrometria, além de seu papel educativo em Alexandria, Egito.
Caroline Herschel (1750-1848) - Reconhecida como a primeira mulher cientista remunerada e astrônoma profissional da corte do Rei George 2º, da Inglaterra. Descobriu oito cometas e três nebulosas, recebendo a Medalha de Ouro da Ciência do Rei da Prússia por suas descobertas.
As Computadores de Harvard - Um grupo de mulheres encarregadas da análise manual de dados astronômicos no observatório de Harvard antes da era dos computadores. Entre elas, destacam-se:
Williamina Fleming (1857-1911): Descobridora da Nebulosa Cabeça de Cavalo e criadora do primeiro Catálogo Draper.
Annie Cannon (1863-1941): Desenvolveu um sistema de classificação estelar de acordo com a temperatura.
Henrietta Leavitt (1868-1921): Descobriu cerca de 2,4 mil estrelas variáveis e o padrão das cefeidas.
Cecilia Payne-Gaposchkin (1900-1979): Demonstrou que o hidrogênio e o hélio são os elementos mais comuns no Universo.
Jocelyn Bell Burnell (nascida em 1943) - Irlandesa que participou da construção de um telescópio em Cambridge, sendo a primeira a detectar a existência de um pulsar.