Ele são transmissores de doenças graves, como a meningite
Um caramujo-gigante-africano foi encontrado no centro de Criciúma, nessa quarta-feira (17), por uma mulher que caminhava pelo local. Na imagem, é possível ver que ele é do tamanho de um pé de uma mulher adulta, gerando bastante repercussão nas redes sociais.
Conforme o biólogo Vitor Bastos, da Secretaria de Meio Ambiente de Criciúma, o melhor a se fazer quando encontrar um caramujo-africano é ligar para a Vigilância Epidemiológica, para avisar onde o animal está. "Assim é possível fazer a análise do local para possíveis focos dessa espécie. Além disso, o correto é, com muito cuidado, incinerar o animal, quebrar a concha do mesmo, pois este pode ser local para foco de dengue, e botar ele embaixo da terra. Parece cruel, mas após muitos estudos, esse é o correto a ser feito, pois a espécie pode vir a causar muitos danos ao ser humano e várias espécies de animais", explica Bastos.
Efeitos na Saúde Humana
O caramujo-afriano tem também importância para a saúde pública, pois está envolvida na transmissão do nematódeo Angiostrongylus cantonensis, que causa no homem a meningite eosinofílica, zoonose endêmica no sudeste asiático e ilhas do Pacífico, porém com casos no Brasil. Estudos experimentais também demonstraram a possibilidade de atuarem como transmissores de outro nematódeo congenérico Angiostrongylus costaricensis, que causa no homem a angiostrongilíase abdominal, zoonose endêmica da América Central, mas com registros no Brasil.
Meningite Eosinofílica ou Angiostrongilíase Cerebral
Angiostrongylus cantonensis é um parasito do pulmão de roedores, que utiliza em seu ciclo vital, várias espécies de moluscos terrestres e límnicos como hospedeiros intermediários. O homem se infecta acidentalmente ao consumir vegetais e moluscos infectados com larvas de terceiro estádio (L3) do nematódeo liberadas no muco do molusco ao se movimentar, ou ainda hospedeiro paratênicos (crustáceos, peixes, anfíbios e répteis) crus ou mal cozidos. Uma vez ingeridas, as L3 migram através da corrente sanguínea para o sistema nervoso central (SNC), onde sofrem duas mudas e onde finalmente morrem sem poder completar o ciclo, causando a meningite. Desta forma, seres humanos não transmitem a doença. Já os moluscos hospedeiros intermediários se infectam ao ingerir as larvas de primeiro estádio (L1) presentes nas fezes dos roedores infectados. Na fase intramolusco as larvas passam por duas mudas até o estádio L3, infectante para o hospedeiro vertebrado. A aquisição de hospedeiros paratênicos ou de transporte, para facilitar a infecção do hospedeiro definitivo, constitui uma excelente estratégia de sobrevivência desse nematódeo.
Impactos Ambientais
O maior prejuízo ambiental causado pela introdução do caramujo africano é a perda de biodiversidade. O caramujo africano age no ambiente como uma espécie exótica invasora que compete com as espécies nativas por espaço e por alimento. Neste processo de competição A. fulica supera as espécies nativas por ter tamanho maior e por se alimentar de quase qualquer coisa, possuir uma taxa de crescimento e reprodução mais rápida e elevada, além de não possuir predador. O caramujo africano também pode servir como hospedeiro de vários parasitas e depois de mortos as conchas vazias podem acumular água e servir como reservatório para larvas do mosquito Aedes aegypti.