Quinta-feira, 25 de abril de 2024
Cultura

Escritora gaúcha Lya Luft morre aos 83 anos

Premiada e reconhecida como uma das principais escritoras e tradutoras do país, sua obra de maior sucesso editorial vendeu cerca de 1 milhão de cópias

Porto Alegre - RS, 30/12/2021 18h30 | Por: Redação
Foto: Divulgação

A escritora Lya Luft faleceu na madrugada desta quinta-feira, 30, em Porto Alegre. Natural de Santa Cruz do Sul, ela tinha 83 anos e enfrentava um melanoma, um tipo de câncer de pele que havia sido descoberto há sete meses, já com metástase. Ela chegou a ficar internada, mas recebeu alta para passar o Natal com familiares.Filha de descendentes alemães, foi incentivada pelos pais a desenvolver o hábito da leitura ainda na infância.

Se tornou uma das principais escritoras e tradutoras do país. Era mestre em Linguística e Literatura Brasileira, foi professora universitária e colunista das principais publicações jornalísticas brasileiras. Além disso, foi patrona da Feira do Livro de Porto Alegre.

O governador gaúcho Eduardo Leite publicou homenagem para a escritora nas redes sociais.  “O Rio Grande do Sul perde um dos seus maiores nomes da literatura. Lya Luft nos deixa aos 83 anos e abre uma lacuna difícil de ser preenchida. Que Deus conforte a família e os amigos.”

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Biografia

Lya Fett nasceu em Santa Cruz do Sul, cidade gaúcha de colonização alemã, filha do advogado e juiz Arthur Germano Fett. Sua família tinha muito orgulho de suas raízes germânicas e, por isso, considerava-se superior aos “brasileiros”, embora seus integrantes tivessem chegado ao Brasil em 1825.

A partir de 1959, Lya passou a residir em Porto Alegre, onde se diplomou em Pedagogia e em Letras Anglo-Germânicas pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.

Passou a trabalhar então como tradutora de literaturas em alemão e inglês — já traduziu para o português mais de cem livros, dentre os quais se destacam traduções de Virginia Woolf, Rainer Maria Rilke, Hermann Hesse, Doris Lessing, Günter Grass, Botho Strauss e Thomas Mann.

Em 1963, aos vinte e cinco anos, Lya casou-se com Celso Pedro Luft, então um irmão marista, dezenove anos mais velho do que ela. Eles se conheceram durante uma prova de vestibular, para a qual ela chegara atrasada.

O casal teve três filhos: Susana (1965), André (1966-2017) e Eduardo (1969). André Luft faleceu de parada cardiorrespiratória em 2 de novembro de 2017, aos 51 anos, enquanto surfava na Praia do Moçambique, em Florianópolis.

De 1970 a 1982, atuou como professora titular de Linguística na FAPA (Faculdade Porto-Alegrense) e obteve o grau de mestra em Linguística (1975, pela PUC-RS) e em Literatura Brasileira (1978, pela UFRGS).

Começou sua carreira literária aos 25 anos escrevendo poemas, que foram reunidos no livro Canções de Limiar (1964), sua primeira publicação.

Em 1972, foi publicado seu segundo livro de poemas, intitulado Flauta Doce. Em 1978, foi lançada sua primeira coletânea de contos, Matéria do Cotidiano.  

Em 1981, publicou A Asa Esquerda do Anjo e, no ano seguinte, publicou Reunião de Família. Em 1984, lançou duas obras: O Quarto Fechado e Mulher no Palco. Em 1987, lançou Exílio; em 1989, o livro de poemas O Lado Fatal; e, em 1996, o premiado O Rio do Meio, livro que reuniu ensaios.

Sua obra de maior sucesso editorial, Perdas e Ganhos, foi lançada em 2003, e vendeu cerca de 1 milhão de cópias. Permaneceu na lista dos mais vendidos durante dois anos e foi publicada no exterior. A obra também era um misto de ensaio e memórias da escritora. 

Em 2001, Luft recebeu o prêmio União Latina de melhor tradução técnica e científica, pela obra Lete: Arte e crítica do esquecimento, de Harald Weinrich. Em 2013, recebeu o Prêmio da Academia Brasileira de Letras (ABL), na categoria Ficção, Romance, Teatro e Conto, pela obra O tigre na sombra.

Em 25 de setembro de 2019, aos 81 anos, Lya foi internada às pressas no Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre ao sofrer um infarto agudo do miocárdio. Ela foi submetida a uma angioplastia e a um implante de stent. Apresentou boa recuperação após a intervenção cirúrgica e recebeu alta hospitalar quatro dias depois.

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