Uma audiência pública realizada na tarde desta segunda-feira (6) na Assembleia Legislativa de Santa Catarina, manifestou a rejeição do pedido do fim das pausas no trabalho em frigoríficos. A opinião contrária foi apresentada por especialista em saúde do trabalhador e dirigentes sindicais que não concordam com a proposta de grandes empresas do setor de eliminar os intervalos durante os trabalhos em estabelecimentos frigoríficos.

“Os frigoríficos estão interessados em aumentar o tempo de produção e reduzir o tempo de pausa, não estão preocupados com a saúde do trabalhador. O setor está se preparando para aumentar seu lucro. Fomos um dos únicos setores que não parou na pandemia, com o discurso de que temos de alimentar o mundo, mas quantas vidas ficaram no chão das fábricas, quantas mutilações?”, questionou Célio Dias, representante do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Alimentação de Criciúma e Região.

Outro ponto levantado no debate foi a questão medidas de segurança sanitária, principalmente em relação a Covid-19. “Com espaços sem renovação do ar, sem as pausas seria uma imprudência, foram 76 mil registros de Covid-19 em trabalhadores da agroindústria e são os trabalhadores que mais se acidentam”, lembrou a representante da Vigilância Sanitária de Santa Catarina, Nádia Fernanda de Andrade.

Já o diretor de Relações Institucionais da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Marcelo Medina Osório, afirmou que os frigoríficos são o único segmento industrial com jornada com pausas psicofisiológicas. “É um ambiente seguro, com o trabalhador com protocolos rígidos de segurança, temos um ambiente mais seguro dentro do frigorífico do que fora”, ressaltou.

Em contrapartida, a juíza do Trabalho do TRT da 12° Região, Patrícia Sant’Anna, endossou a maioria das opiniões reafirmando que a alteração é maléfica. “Não estamos tratando de harmonização de normas, estamos diminuindo o tempo das pausas para aumentar a produção, isso não tem outro nome que precarização. Quero fazer um alerta: a segurança acontece quando tem uma norma concreta, com uma norma aberta nas pausas ergonômicas, vocês, no final de um processo trabalhista, não terão como comprovar que (as novas pausas) foram eficazes”, enfatizou.