Ameaças seriam de demissão e desconto de dias parados
A greve dos professores da rede estadual de Santa Catarina completa duas semanas nesta terça-feira, dia 7. Apesar de 15 dias com parte dos profissionais parados, o magistério segue no impasse com o Governo do Estado e sem prazo de retorno total das aulas. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Santa Catarina (Sinte/SC), a adesão dos professores ainda diminuiu, devido a ameças de demissão dos grevistas.
Quando a greve iniciou, a adesão dos professores chegou a 50% e, agora, vem diminuindo gradativamente, segundo o coordenador do Sinte/SC, Evandro Acadroli. “Tivemos uma diminuição da greve pois o Governo adotou uma medida inconstitucional que ameaçou os trabalhadores de demissão. Pela primeira vez o Governo busca a tentativa de substituir os grevistas”, afirma o coordenador em entrevista ao jornalista Denis Luciano, na Rádio Cidade em Dia.
Segundo Acadrolli, além da demissão dos professores, o Governo estaria descontando os dias paralisados, ações que seriam inconstitucionais. Com isso, o Sindicato deve buscar medidas judiciais. “Nós vamos tomar todas as medidas judiciais para isso. O Governo também está descontando a falta injustificada pela greve, isso é inconstitucional. O governo está agindo de forma desleal com os trabalhadores, cruel. Vamos atuar inclusive de forma federal, pois essa prática é antidemocrática. A greve é um direito quando os trabalhadores não são atendidos por um grande período e é isso que está acontecendo. Nós não vamos admitir”, explica.
O coordenador ressalta que, desde o início da greve, o Governo segue com a mesma posição. Os trabalhadores teriam iniciado a greve na tentativa de chegar em uma melhora na proposta salarial mas, com isso, seguem sem acordo. "Os professores aguardaram vários anos e não receberam nenhuma proposta de negociação. Agora depende do governador apresentar uma proposta para que no dia 8 possamos deliberar sobre uma proposta do governo. Nós continuamos na busca dessa proposta, que venha atender principalmente o reajuste, que desde 2021 está defasado em Santa Catarina, ter uma perspectiva de diálogo e construção de carreira. O governo pode apresentar essa proposta”, afirma.
O deputado estadual Rodrigo Minotto, tem se posicionado a favor em relação à greve do magistério. Minotto afirma que o Estado é um dos mais ricos do Brasil, considerando a 7ª maior arrecadação tributária. Mas, Santa Catarina ainda está longe de ser exemplo quando se trata de investimento em educação.
“Dos quase 50 mil professores que temos ativos, apenas 1/3 são efetivos do estado. Nós temos o menor número de professores efetivos por volume de arrecadação tributária entre todas as unidades da federação, com empate técnico com o Espírito Santo. Estamos muito longe da realidade nacional em termos de professores efetivos e, por isso, é feita uma reivindicação da categoria para que seja feita concurso público o mais rápido possível para atender a demanda do magistério. Além da descompactação da tabela, revogação dos 14% aos aposentados e correção salarial”, argumenta.
Nesta quarta-feira, dia 8, o Sinte realizará um ato na Praça Tancredo Neves, em Florianópolis, em frente a Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc). Durante o protesto, os professores vão arrecadar roupas, alimentos e produtos de higiene para ajudar as famílias atingidas pelas chuvas do Rio Grande do Sul.